28 de Junho - Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+
Orgulho não é obrigação de perfeição
O dia 28 de junho marca o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+. A data celebra as conquistas da comunidade, a luta por direitos e a liberdade de existir como se é. Mas, por trás dessa celebração, existe uma pressão silenciosa e muitas vezes invisível: a obrigação de ser perfeito.
Para muitas pessoas LGBTQIAPN+, a rejeição começa dentro de casa. Segundo uma pesquisa do coletivo TODXS (2021), 73% das pessoas LGBTQIAPN+ já sofreram rejeição familiar em algum momento da vida. Esse abandono afeta profundamente a autoestima e cria uma cobrança interna constante: provar que se é digno de respeito, amor e aceitação por meio do desempenho.
Essa expectativa se traduz em pressão por excelência. Ser o melhor aluno, o mais produtivo no trabalho, o mais bem vestido, o mais forte emocionalmente. Um esforço constante para compensar o preconceito, como se errar fosse perigoso. E, de fato, muitas vezes é.
O Brasil ainda é um dos países mais violentos para pessoas LGBTQIAPN+. De acordo com o relatório do Grupo Gay da Bahia, em 2023 foram registradas 230 mortes violentas de pessoas LGBTQIAPN+ no país — uma média de uma morte a cada 38 horas. Isso gera um sentimento coletivo de alerta permanente, que se reflete em tensão emocional e adoecimento mental.
Essa cobrança de perfeição cobra um preço alto. Dados do relatório “Saúde Mental de Pessoas LGBT+ no Brasil” da ONG All Out e da Box1824 (2021) mostram que:
• 61% das pessoas LGBTQIAPN+ já tiveram crises de ansiedade;
• 55% já tiveram depressão;
• 67% relataram já ter tido pensamentos suicidas.
Além disso, um estudo da Universidade de São Paulo (USP), publicado na revista Scientific Reports (2020), apontou que jovens LGBTQIAPN+ têm quase o dobro de risco de depressão em comparação a jovens heterossexuais e cisgêneros.
Esses dados mostram que o “orgulho” nem sempre é sinônimo de celebração. Para muitas pessoas, ainda é sobre resistência e sobrevivência. E, nesse contexto, surge a necessidade de quebrar a ideia de que pessoas LGBTQIAPN+ precisam ser impecáveis o tempo todo para serem respeitadas.
Neste 28 de junho, é fundamental lembrar: o orgulho também deve permitir descanso, imperfeição e vulnerabilidade. Não somos obrigados a ser exemplos. Ser quem se é, em paz, já deveria ser o suficiente.
O orgulho não pode ser mais uma forma de cobrança — ele deve ser libertação.
Fonte: Dudu Goulart - @ggurarti
 
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